quinta-feira, 11 de outubro de 2007

A Importância do Espaço

O espaço exprime todos os factores que intervêm na arquitectura, nas tendências sentimentais, morais, sociais e intelectuais, e representa por isso aquele momento analítico da arquitectura que é matéria da história. O espaço está para a arquitectura concebida como arte como a literatura está para a poesia e como a tela esta para a pintura. No espaço coincidem vida e cultura, interesses espirituais e responsabilidade social. Porque o espaço não é um vazio é vivo e positivo onde engloba constantemente o nosso ser. É através do volume do espaço que nos movemos, percebemos formas, ouvimos sons, sentimos brisas, cheiramos as fragrâncias de um jardim em flor. A sua forma visual as suas dimensões e escala tal como a qualidade da luz dependem da nossa percepção dos limites espaciais definidos pela forma. À medida que o espaço começa a ser capturado, encerrado, moldado e organizado pelos elementos da massa, a arquitectura começa a existir.


“ Reunimos trinta raios e chamamos de roda;
Mas é do espaço onde não há nada
que a utilidade da roda depende.
Giramos a argila para fazer um vaso;
Mas é do espaço onde não há nada
Que a utilidade da casa depende.
Perfuramos portas e janelas para fazer uma casa;
e é desses espaços onde não há nada
que a utilidade da casa depende.
Portanto, da mesma forma que nos aproveitamos daquilo que é,
Devemos reconhecer a utilidade do que não é. “

Lao-tzu “ Tao Te Ching “ Século VI a.C.

Clientes “ Educação “

O arquitecto tem uma função primordial na “educação” dos clientes. O arquitecto por vezes é julgado apenas como um meio de transição de ideias pré – definidas por parte dos clientes. Os clientes vêm com ideias pré - definidas que por vezes dificultam o desenvolvimento do trabalho. Contudo, é importante conhecer bem o cliente em todos os aspectos, tal como o programa e as exigências propostas, para dar a melhor resposta aos objectivos pretendidos. Ter uma base teórica e esclarecedora é fundamental no desenvolvimento do projecto proposto. Por vezes é complicado explicar às pessoas, sem as ferir, que na grande maioria dos casos os cânones que elas tem na sua memória são meras paixões passageiras, gostos pouco fundamentados e na maior parte dos casos transmitidos através de imagens “Autocolantes”. As suas opções baseiam-se essencialmente nos temas monumentais “classicismo” e nos elementos decorativos, que por vezes temos de lhes explicar que nos dias de hoje surgem por uma falta de inspiração, dai irem buscar formas ao passado, contudo resulta dos problemas de superfície plástica e volumétrica, nunca de arquitectura. As suas preocupações estão no exterior da “caixa”, a caixa pode ser trabalhada, esculpida, decorada, pode constituir uma obra-prima, mas continua a ser um invólucro. Pergunto eu o interesse está no embrulho, ou no conteúdo? Ou num conjunto de factores onde um está dependente do outro e daí resultar o produto final?

O “gosto” – é importante fazermos uma ligeira reflexão sobre esta questão, pois foi um dos temas bastante ouvidos durante o estágio. É necessário perceber a evolução dos tempos, dos gostos e dos estilos. O gosto é uma parte da natureza racional de cada um e não se muda pelo exercício, mas pela educação, as mudanças no gosto acompanham as mudanças na perspectiva global do mundo. Como já se referiu atrás, no mito da cabana é apresentada a função primaria de um edifico, o de habitar um espaço que nasce de uma necessidade. O estilo não existe, temos um produto bruto sem linguagem, sem intenções, que cumpre escrupulosamente a sua função. Posteriormente então o que faz o homem pensar em elementos que na perspectiva de um observador serão fúteis?

O desenho da “ Casa “ unifamiliar, como peça única de conforto e bem estar para o Homem, foi sempre uma das investigações mais importantes da arquitectura. Entender as necessidades do ser humano como núcleo da sociedade, e criar para ele espaços de máxima qualidade arquitectónica, é possivelmente um dos desafios mais ambiciosos da disciplina. O processo de desenho exige um alto nível de compromisso por parte do arquitecto, já que se trata de indagar dentro da intimidade dos membros de uma família: entender como comem, como dormem, como ocupam os seus tempos livres...Valorizar todos estes aspectos e contextualizá-los dentro das particularidades de cada encomenda é uma das situações mais interessantes com que um arquitecto se depara.